OpenType – A Evolução da Fonte Digital
Quem trabalha em algum campo relacionado com design provavelmente já deve ter ouvido falar de um formato de fonte digital recente chamado OpenType. O OpenType não é de fato um formato , é na verdade um híbrido de formatos existentes com extensões adicionais que ajudam os usuários a definir os tipos usados de uma maneira mais eficiente e permitem que mais recursos tipográficos sejam acrescentados, recursos que não eram possíveis com formatos de fontes anteriores. Iremos fazer um apanhado geral sobre o que é o OpenType e porque você deve apoiá-lo, principalmente se você precisa configurar tipos frequentemente.
O formato OpenType é um projeto, iniciado em 1995, desenvolvido em conjunto pela Microsoft e Adobe. Ele combina esboço (outline), dados de métricas e de bitmap em formato Adobe PostScript Type 1 com o formato SFNT TrueType da Microsoft para formar um arquivo de fonte compactado. O mesmo arquivo de fontes OpenType pode ser usado tanto no Mac OS quanto no Windows e com FreeType (um mecanismo de fonte de código aberto) em Unix. Fontes OpenType usam a codificação Unicode (o mapeamento de códigos de caracteres para glifos em uma fonte). Unicode é um padrão de codificação internacional onde se aplica um número, de código único, para caracteres específicos em vários idiomas. Unicode tem códigos suficientes para cerca de um milhão de caracteres, e fontes OpenType individuais podem conter até 65.000 glifos em um arquivo relativamente de pequeno porte. Este não é apenas um recurso para typefaces não-latinos com conjuntos de glifos muito grandes, como o árabe, hindi, chinês, japonês e coreano, mas também para typefaces codificados com o padrão ISO-Latino.
Antes que vocês perguntem, glifo é um elemento da escrita, uma representação visual de um caractere ou grafema (unidade mínima ou fundamental em um sistema de escrita). Um arquivo de fonte não é nada mais que uma coleção de glifos, e o OpenType fornece diversas maneiras para mapear esses glifos como caracteres codificados no Unicode. Por exemplo, um único caractere como um “a” minúsculo pode ser representado por vários símbolos diferentes em uma fonte: a forma padrão, a forma de versalete, índice para números ordinais, entre outros… Apenas a forma padrão é mapeada diretamente para o código Unicode do caractere “a” (minúscula). Os outros glifos, ou seja, as formas variantes da representação do “a” são mapeadas indiretamente no OpenType através de funções orbitantes dependendo da aplicação, para ser mais claro, esses outros glifos são acessados por um botão, ou uma configuração que deve ser marcada, no layout do programa. Essa é então a grande vantagem do OpenType: todas essas funções em um único arquivo dependendo somente das configurações do programa onde ele está sendo usado (InDesign, Illustrator, Word, Corel Draw…), já que no OpenType, não funciona o modelo “um glifo é igual a um caractere”.
No passado, os formatos de fonte digital eram um tanto quanto limitados, o que influenciava diretamente como eles podiam ser utilizados nos programas. Fontes em formato PostScript Type 1 no padrão de codificação ISO-Latino usadas no Ocidente têm um máximo de 256 caracteres por fonte, embora uma fonte não precisa conter necessariamente essa quantidade de glifos. Fontes nesses formatos antigos também vinham com conflitos de plataforma entre o tipo de codificação e o formato do arquivo, principalmente entre Mac e PC Se você tivesse um texto muito grande onde usava versaletes, estilo antigo, números tabulares, ligaduras, titulação, suplentes para swashes (swash eh um tipo de caractere proveniente da caligrafia cuja característica marcante é a presença de floreios requintados e elegantes no lugar dos terminais ou das serifas), ornamentos, etc., todos esses tinham que ser quebrados em arquivos de fontes separados, a fim de não sobrecarregar o arquivo. Fora diversas outras barreiras que tornavam o uso das fontes digitais uma dor de cabeça para designers principalmente quanto à processamento. Tudo isso mudou com fontes no formato OpenType. Agora, todos os glifos para um peso e estilo de um typeface, incluindo os diferentes variações que um texto grande possa apresentar, podem ser consolidados em um único arquivo de fonte. E já que ele é baseado em Unicode, uma única fonte OpenType pode fornecer suporte para dezenas de línguas e scripts diferentes. Por exemplo, acentos euro-orientais anteriormente difícil, ou impossível, de serem acessados podem ser incorporados no OpenType.
Muitos devem se perguntar qual a diferença entre TrueType, OpenType e PostScript, a resposta é simples e quem nos dá é Gustavo Lassala, um dos grandes nomes da tipografia brasileira:
“O formato TrueType foi desenvolvido inicialmente pela Apple e contou com a colaboração da Microsoft. Ele foi criado para driblar os custos – caríssimos – de licenciamento do padrão PostScript estabelecido pela Adobe. O TrueType armazena em um único arquivo informações para impressão e visualização em tela. Esse formato precisa de um arquivo específico para Mac ou PC. Normalmente apresenta problemas de rasterização, não sendo muito indicado para geração de matrizes de impressão.
O formato PostScript foi criado para impressoras PostScript Tipo 1 e Rips pela Adobe. Cada fonte possui um arquivo para visualização em tela e outro para impressão. É necessário também um arquivo específico para Mac ou PC. Os dois formatos de arquivo apresentados (TrueType e PostScript), podem conter no máximo 256 caracteres diferentes. Por esta razão devem-se criar arquivos distintos para fontes com famílias muito extensas.”
Em programas que não têm OpenType suporte avançado, só o padrão “um glifo é igual a um caractere” está disponível, sem capacidade de recursos avançados ou habilidade para acessar o conjunto completo disponível em fontes de formato OpenType. Adobe parou de produzir fontes PostScript Type 1 em 1999, embora seus programas ainda suportem essas fontes, eles foram se concentrando totalmente no OpenType e estão lançando novos projetos tipográficos neste formato, bem como conversões de fontes da Adobe Type Library. A disponibilização de sua biblioteca inteira em formato OpenType ocorreu em 2002 / 2003. Linotype, Monotype e fundições digitais também passaram a adotar o esquema de conversão para OpenType. Emigre lançou recentemente uma versão OpenType da família tipográfica da Mrs Eaves. Para ser facilmente reconhecidas as fontes da Adobe que eram em formato OpenType, possuem a designação “Pro” no nome. Trajan Pro, Helvetica Pro…
A Microsoft também incorporou os benefícios do OpenType em seus programas, mas focando no uso de script para Árabe e outras formas de escrita asiática, sendos essas modificações invisíveis ao usuário. A empresa também tem trabalhado para incluir as propriedades do OpenType de forma a personalizar a experiência tipográfica na web, via Internet Explorer.
As duas empresas, Adobe e Microsoft, disponbilizam ferramnetas gratuitas para desenvolvedores que queriam construir fontes em OpenType, e outras ferramentas como o FontLab que também aderiu às maravilhas das fontes OpenType. No começo foi dificíl para os usuários e designers mais conservadores, aderirem ao OpenType, mas com o tempo percebeu-se que só tinha benefícios nesse uso, incluindo criar uma geração mais ligada que fosse capaz de configurar fontes digitais para suas necessidades.
Referências:
EASTMAN, Mark. OpenType Fonts – The Next Level of Digital Typography in a True Cross-plataform Font Format. Revista Communication Arts 2002.
http://windows.microsoft.com/pt-BR/windows-vista/Whats-the-difference-between-TrueType-PostScript-and-OpenType-fonts
http://logobr.org/tipografia/recursos-avancados-opentype-para-fontes-digitais/
Apenas aproveitando o espaço para compartilhar…
Não deixa de ser uma forma interessante de criar uma fonte:
Falta apenas a verba para o SMD criar algo assim!